segunda-feira, 30 de junho de 2008

Da coleção Ações que estão de graça - LIGT3

Dando a humilde opinião, de uma excelente oportunidade de investimento. Após uma pesquisa setorial, notei que o setor elétrico está bem subvalorizado em relação aos demais, principalmente o ativo que estarei a adquirir amanhã: a LIGT3.

Veja-se os dados fundamentalistas:

Preço/Lucro: 4,31
Preço/(Valor Patrimonial):1,69
ROE: 39,2%
Yield: 15%

Tá bom ou quer mais?? A light é uma empresa que possui monopólio sobre a sua área de atuação, de um bem tão vital quanto a água. Temos então solidez e impossibilidade de competição. Somado à essa análise macroeconômica, vemos que ela se paga em 4 anos (está 4x mais barata que o ibovespa), está bastante protegida de uma queda brusca (pois uma queda grande tornaria seu valor de mercado quase equivalente ao seu valor patrimonial), gera um retorno de 40% anuais sobre seu valor patrimonial, e, de quebra, te dá 15% de dividendos anuais.

Mesmo se ela dobrasse de preço, seus indicadores ainda estariam melhores que o ibovespa. E ainda pode cair o mundo, que a ligt ainda vai vender energia. Uma barganha em qualquer época, e uma barganha ainda maior nesse tempo de incerteza. O ibovespa pode ir à 40k, que (muito provavelmente), seu valor não cairá muito abaixo do atual. É a ação que se compra e vai dormir o sonho de bebê,
Tá bom ou quer mais?

sábado, 28 de junho de 2008

Carteada sobre commodities

Confesso que estou sem saco de fazer a analise dos balanços das contrutoras.
No lugar disso, resolvi fazer um tópico para cartear os motivos para a alta das commodities. Viajei um pouco, mas faz sentido. Primeiramente vou explicar como funciona o mercado de futuros. O comprador de óleo compra um contrato futuro, que dá direito a comprar no dia tal petróleo a tal preço (o equivalente às opções das ações). O vendedor opera vendido, e, assim, fazem hedge, em vez de ficar ao belprazer do mercado. Os especuladores entram para dar liquidez à estes contratos. Sem eles, não existiria esse tipo de transação financeira. Há um contrato para cada mês do ano, até uns 10 anos à frente. Comprando contratos futuros, então, eu compro commodities que ainda não existem.

Vou agora voltar um pouco no tempo, depois vocês vão entender porque. No começo, não havia moeda, havia mercadoria. Os metais preciosos funcionavam como moeda, mas eles não eram signos, era o valor em si. "É preciso que o valor da moeda seja regulado pela massa metálica que ela contem; isto é, que retorne ao que era outrora, quando os príncipes não tinham ainda imprimido sua efígie nem seu selo sobre fragmentos metálicos; naquela ocasião, "nem o cobre, nem o ouro, nem a prata eram monetizados, mas estimados somente segundo seu peso"; não se fazia valer signos arbitrários por marcas reais; a moeda era uma justa medida, porque nao significava nada mais que seu poder de aferir riquezas a partir de sua própria realidade material de riqueza." (Michael Foucault, As Palavras e as Coisas). De certa forma, esta forma de pensar, mesmo após a criação do dinheiro, continuou. No século XX, os EUA se comprometeram a manter paridade de sua moeda com o ouro. Isto significa que mesmo sendo papel moeda, o dolar tinha uma representação concreta, pois havia uma relação direta do seu valor com o valor do ouro.
Os EUA abandonaram esta paridade, porem, como unica potencia capitalista do mundo o dolar, de certa forma, virou uma riqueza, à moda dos metais na época do mercantilismo. De alguns anos para cá, o dólar vem sofrendo severa desvalorização, e, para completar, os títulos de vencimento de 2 anos estão rendendo menos que a inflação. Ou seja, quem tem dinheiro investido em bônus dos EUA, estão perdendo dinheiro 2x. Uma com a desvalorização perante outras moedas e outra com a própria inflação americana. Há então uma crise, pois quem "investe" em títulos do governo americano, está vendo seu dinheiro ir embora. Neste grupo, se incluem grandes fundos de pensões, que precisam de uma âncora (eles não podem, simplemente, jogar esse dinheiro no mercado de ações). Eles tambem nao estão podendo investir em títulos de hipoteca (ver tópico abaixo), pois há uma crise nesse setor . Qual a resposta que eles adotaram? Migrar para as commodities.

Há então, uma grande migração do dinheiro investindo em títulos do governo e hipotecários para contratos futuros de commodities. Desse jeito, os investidores fazem hedge contra a inflação. Contratos para daqui a 5, 10 anos, que mal eram usados, estão sendo comercializados a um volume cada vez maior. Comprando uma maçã a ser entregue em 2010, por exemplo, não importa a inflação que exista, uma maçã terá seu preço corrigido. Acontece que há um problema neste movimento. O mercado real de commodities é muito pequeno. Uma única grande empresa especuladora de petróleo é capaz de trocar no ano várias vezes a quantidade mundial de óleo produzida. Uma avalanche de dinheiro aumenta, e muito, seu valor (imaginem um mico que de repente vira a única proteção contra a inflação, e todo mundo passa a comprar ele). Esse movimento é auto alimentavel, pois quento mais se migra, mais se aumenta a inflação.

Conclusões:
1) A nova moeda mundial não é o dólar, é o petróleo.
2) Um aumento dos juros norte-americanos reduz a inflação de duas maneiras. A tradicional, e a outra trazendo de volta investidores, baixando as commodities.
3) Enquanto os juros continuarem baixos, o cenário vai continuar.
4) Não sei se os investimentos em commodities vieram para ficar. Se eles são temporários, ou seja, se os grandes investidores acharem mais tarde que o dólar está mais vantajoso, pode estourar uma bolha, das grandes.
5) O preço das commodities está intimamente ligado à saude economica norte-americana.
6) Paradoxalmente, voltamos aos primórdios do capitalismo. Os instrumentos complexos do sistema permitem que as riquezas voltem a ser medidas por seu valor em si, não em uma moeda.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Mercado hipotecario e construção civil (I)

Como primeiro tópico, vou fazer uma explanação do porque do boom da construção civil no Brasil. Vou expor os fatos que tornaram isso possivel, e concluirei afirmando que está apenas começando. Divirtam-se.

Antes de começar a falar do Brasil, é bom fazer uma análise do mercado imobiliário nos países desenvolvidos, e sua importância como parte da economia. Vamos tomar como exemplo os Estados Unidos.

Em um país estável, atributo que nossa pátria só conquistou há poucos anos, é possível financiar casas em 20, 30 anos através de hipotecas. Esta funciona do seguinte modo: o comprador pega dinheiro emprestado à instituição financeira, paga a casa e oferece a mesma como garantia real. Importante destacar o termo real da garantia, que significa que mesmo que a casa seja vendida a terceiro, em caso de inadimplemento o emprestador ainda pode tomar o imóvel, o que gera confiança do emprestador e consequente juros baixos.

A hipoteca é, portanto, um meio de emprestar dinheiro de alta confiabilidade, e um meio seguro de se adquirir uma casa própria. Claro que no começo da década de 90, no Brasil, não se podia pensar em dívidas a longo prazo, para o cidadão comum, frente à insegurança econômica e jurídica que reinava no país. Somente de alguns anos para cá, tem-se mostrado sinais de que se tornou uma economia sólida, confiável e previsível a ponto de ter um mercado hipotecário expressivo. Dentre outro, podemos citar os seguintes sinais :


  1. Contençao da inflação abaixo da casa de dois dígitos ( com excessão de alguns anos, o que não é motivo de pânico, pois até os EUA teve suas inflações acima de 10%) por um periodo longo (estamos no 14º ano do plano real).

  2. Emissão de títulos da dívida em moeda nacional, livrando o país de desconfortos resultantes de eventuais flutuaçoes cambiárias (toda a divida do brasil, hoje, é em reais, se não me engano).

  3. Governo democrático (ao menos formalmente), e um razoável Estado de Direito, sem tensões sociais que possam rachar o país. Embora haja corrupçao às claras, não há contestação da legitimidade dos lideres, por exemplo.

  4. Por ultimo, os graus de investimento obtidos nos ultimos meses.

Parafraseando o presidente, nunca antes na história deste país a economia se tornou tão previsível, o que criou o ambiente propício para a formação de um mercado hipotecário compatível com os países desenvolvido. Hoje em dia é uma boa ideia assumir uma divida de 30 anos para se conseguir a casa propria.

Voltando ao modelo dos países desenvolvidos. Lá, o mercado hipotecário é o principal propulsor de crédito, catalisando a economia e gerando lucros para os que dele participam. Vamos explicar sucintamente como funciona o modelo em tais lugares:


  1. Uma construtora faz um loteamento, com n casas, e as vende para os cidadãos, contraindo assim um direito de crédito, garantido pela hipoteca.

  2. A construtora VENDE estes direitos de crédito a uma financeira, que transforma estes créditos individuais em títulos de dívida (similares aos títulos do governo)

  3. A instituição financeira, entao, vende tais títulos, e todo mês, quando os cidadaos pagam sua hipoteca os possuidores dos títulos ganham seu dinheiro.

Como se pode ver, é um mercado extremamente consolidado, que é o principal motor de crédito em tais economias. Segue esqueminha em ingles, para melhorar o entendimento.

Vamos agora aos números: O mercado hipotecário norte americano tem crédito de aproximadamente 10 trilhões de dólares (com T mesmo, dados de 2006). Isso equivale a 65% do PIB. Na Holanda, é 111% do PIB. No nosso país é 1,7%. Estamos atrás mesmo dos países em desenvolvimento. A África do sul tem 20% , o México 9%, e assim por diante.

O mercado de títulos norte americano (juntando titulos hipotecarios e do governo) é maior do que o mercado de ações (segundo o livro novo do greenspan). Lá, O mercado hipotecário é tao poderoso quanto o de ações. Aqui, estamos apenas engatinhando.

Tudo isto está mudando de alguns anos para cá. Com a estabilidade adquirida, a construção civil está bombando. Tivemos 70 ipos de dois anos para cá de empresas relacionadas ao setor. Há quem fale em uma bolha estourando, mas ante o exposto, está apenas começando. Estamos começando uma revolução neste tipo de mercado. Após a explosão de ipos, é esperado agora uma série de fusões, que demonstram a consolidação do setor. Ainda não temos esse boom de empresas de securitização, mas acredito que em breve teremos. Some-se isso que este cenário se dá com juros altissimos. Eles não vao se sustentar nesse patamar por muito tempo.

As empresas de construção civil tem se apresentado com caracteristicas típicas de uma explosão de demanda, tais como: P/L alto, se comparado com o índice, que indica um convencimento do mercado que este setor é mais promissor que o resto e aumento galopante dos lucros, resultado apos resultado. Tal comportamento é o mesmo das ações da bmef e bovespa, embora os multiplos destas ultimas sejam bem maiores.

Feita esta breve explanação, de um setor que promete, os proximos tópicos tratarão de cada empresa individualmente, balanço financeiro, publico alvo, indicadores fundamentalistas, etc. Neste blog dificilmente serão comentados canais de alta, triângulos ou rompimentos de Bollinger.

Comentários são bem vindos

Introdução

Oi pessoal, com esse blog quero exprimir minha necessidade fundamental humana, como diria Chomsky, de me expressar, e, de bônus, arranjar contatos interessantes para se discutir economia. Arranjar pessoas que discutam ideias de maneira inteligente pe trabalho árduo, e espero, se tiver sorte, conseguir um punhado desses indivíduos.

Vou expor tudo o que sei, ou pelo menos o que penso que sei, na esperança de receber conhecimento e criticas de volta. O blog esta aberto, e espero que vocês aproveitem-no.