terça-feira, 18 de novembro de 2008
Fannie Mae, Freddie Mac e Aig 3 meses depois
Estamos vivendo uma desvalorização no setor imobiliário Norte-Americano. Isso significa que o dinheiro está sendo evaporado, e alguem vai pagar o pato. E quem é que paga o pato quando todo mundo se fod$$#@? As seguradoras.
A Fannie Mae e Freddie Mac asseguram metade das hipotecas dos Estados Unidos, e a AIG foi a maior emissora de CDS (Artigo sobre eles em algum canto do blog) do mundo. Toda vez que alguem deixa de pagar algo, eles pagam no lugar do inadimplente. Obviamente, dado a magnitude da dívida que eles asseguraram, foram as primeiras cartas do castelo a cair. Imaginaram a cena? São eles 3 que cobraram para assegurar algo que se desse errado, não haveria a mínima chance de honrar seus compromissos.
Pois bem. Muita coisa deu errado, e o governo interviu. Em uma ação "de emergência" acabou dando 350 bilhões de dólares para as 3. (150 para a AIG e 200bi para as outras duas). Pois Bem, A situação continua a piorar (não estou dizendo continua a mesma, estou dizendo continua a piorar):
** As 3 juntas postaram resultados trimestrais que somam cerca de 100 bilhoes de dólares de prejuízo.
** A Fannie Mae e Freddie Mac são o que sobrou da industria imobiliaria norte americana. Suas concorrentes faliram, e, portanto, elas duas se tornaram na única grande emprestadora de dinheiro para hipotecas nos EUA. PAssaram de empresas para agentes políticos, e suas ações nada mais tem o cunho de obter lucro. São meros instrumentos do executivo agora.
** O preço das casas continua caindo, e muito
Essas 3 empresas se desvirtuaram de suas atividades iniciais, e agora são instrumentos de socialismo nos EUA. Com medo de uma "catastrofe", o governo faz com que essas 3 continuem desempenhando suas atividades, que qualquer pessoa com bom senso diria que é o mesmo que jogar dinheiro fora. O dinheiro do seguro está sendo distribuido por todos os americanos, enquanto os bondholders pegam sua grana. Coisa linda, não?
Perspectivas de longo prazo: Os resultados trimestrais que sairam agora foram os primeiros pós-catastrofe. Os próximos tendem a piorar. Das duas uma: Ou o governo toma uma atitude e conserva o poder da moeda, ou, presumindo os resultados para o ano que vem iguais a esse ultimo trimestre (que eu acho otimismo, visto que uma recessão só vai aumentar a inadimplencia), temos um rombo de 400bi no ano, ou 15% do orçamento federal pelo ralo. Entre a cruz e a espada.
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Precisão suíça
Não há muito o que falar. O mundo está entrando em recessão harmoniosamente, em precisão suíça. Agora que o emprego está aumentando, os balanços negativos estão chegando e as contrações no PIB aparecendo.
Os governos já asseguraram trilhoes de dolares, em todos os setores. Agora que vamos iniciar os defaults em outros setores, e o deficit vai aumentar. O governo dos EUA já comprometeram mais de 2 trilhoes de dolares, e agora quer mais 150 bilhoes de estimulo. Muito cuidado a essa hora. Não entendo como estão correndo tanto logo para os treasuries.
Muito dinheiro que as pessoas acham que existem, são pura ilusão. CUIDADO. Estamos na hora em que eles estão sendo mostrados.
Aludindo o post anterior, nao importa os fundamentos, agora as decisões do mercado financeiro modificaram aqueles a ponto de fazer sumir o crédito.
Estamos apenas começando. Querer que estejamos no fundo do poço é imaginar que os investidores estrangeiros estão prontos para voltar a investir em paises emergentes. Bullshit.
Cuidado que estamos apenas começando. Nossos filhos estudarão o que estamos vivenciando nos livros de história.
sábado, 18 de outubro de 2008
Reflexividade nos Mercados Financeiros (ou quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?)
Um fly-to-quality secou o crédito, e agora, só se compra se for à vista. É a percepção do mercado influenciando os fundamentos deste. Mesmo os que tem dinheiro, não estão dispostos a emprestar. Se até algumas semanas esta crise era etérea e intangível para o trabalhador comum, ele agora sente na pele como uma mudança na percepção mundial acerca do risco de crédito pode mudar os fundamentos na economia.
Isso, para mim, caracterizou o rompimento de até onde podíamos ir, e voltar com segurança. A economia real mudou, e as compras em 24 vezes sem juros, e sem entrada, desapareceram. Os indivíduos que, achando que uma crise estava se estabelecendo, aumentaramm a sua aversão ao risco, e transpuseram essa crise do mercado de capitais para o mundo "real", concretizando-a.
Não importa mais nos perguntarmos se existe realmente motivo para tanto. A partir do momento em que todos acreditam na crise, ela existe, e se auto alimenta. Até onde ela vai, isso não se pode dizer. Pode-se afirmar, no entanto, que o mergulho é proporcional ao pessimismo do mercado, e este só está aumentando.
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
Perdi 40%. Vendo ou espero? (para o forum do infomoney 2)
Analisando macroscopicamente, a crise só piora. Não precisa ser analista, basta ler o jornal, ou até mesmo assistir o jornal. começou com o subprime, se alastrou para o crédito nos eua, para o crédito na europa e agora está começando (veja bem, começando) a afetar o consumo. Nada, repito, NADA indica que ela está revertendo, ou mesmo diminuindo a velocidade. Na verdade, está até acelerando. Amanha teremos resultados do Citi e Merril. Devem ser desanimadores.
Acredito, entao, na continuação da tendencia de queda, embora possa subir por um ou dois meses. diabos, pode subir por anos, por isso se chama renda variável.
Se você se enquadra na pergunta do título, então você provavelmente deve estar 100% comprado em ações, das especulativas (ler tópico abaixo sobre especulação), e rezando para que "amanhã suba". O que fazer??
Primeiro lugar, esqueça o ditado "só tem prejuízo quem realiza". Seu lucro ou prejuizo é contabilizado a cada negociação de seus ativos, e essa é a grande vantagem do mercado de capitais. Quem segue firme nesse ditado é quem se deu mal mas quer justificar sua fé na subida. Quem tinha Fannie MAe a 60 dolares e hoje vale 1, tá no 0x0 só porque ainda nao vendeu??
Pense assim: se eu tivesse R$ (seu patrimonio em ações aqui), ganhados hoje, eu iria fazer o que? Esqueca o preço que voce comprou. Esqueca quanto voce tinha, isso so vai prejudicar suas analises.
E entenda que tudo é uma curva risco-retorno. Quanto maior o risco, maior o retorno.Pode ser que daqui a um mes o ibov esteja a 50k, mas o cenario a longo prazo não é bom. Só porque eu estou comprado eu devo ir contra todas as noticias mundiais e aguardar uma enxurrada de dinheiro estrangeiro que faça subir minhas cotações.
Com um risco menor, voce compra ltn que rende 15% ao ano, compra ouro que se valorizara em caso de uma deterioracao do cenario, compra empresas que pagam mais de 10% de dividendos ao ano, compra petro e vale e lança opções.
Voce vai ganhar 40% ao ano assim? Jamais. Mas não vai ver seu capital derreter junto com o índice bovespa. Eu sei que a sensação "vou tentar pelo menos cobrir o preju" é grande, mas você deve se desvincular do quanto ja perdeu, isso nao interessa. o que interessa eh o que voce faria hoje. O passado nao volta mais.
Eu sei que quando se faz uma pegunta dessa se espera uma resposta do tipo "faça isso que vc vai recuperar o preju em 2 semanas", mas as coisas não são assim. infelizmente. Pensar em recuperar o prejuizo rapidamente gera distorções da realidade, e cria convicções que só gerarão mais prejuizo.
Investimento x Especulação (para os frequentadores do forum do infomoney)
1) Investidores contam apenas com situações presentes ou passadas. Contar com o futuro incerto é a marca por excelência da especulação
2) Rendimentos x Valorização. O investidor é aquele que está satisfeito com os rendimentos da empresa, o especulador espera ver a empresa crescer (se tratando do mercado de ações)
O segundo ponto é frequentemente esquecido por todos aqueles que começam no mercado de capitais.
Investimento - Vejam o exemplo que eu postei aqui há uns meses (http://carteadasfinanceiras.blogspot.com/2008_06_01_archive.html). Se trata de uma empresa monopolista, estável, que rende bons dividendos. Quando se compra uma empresa dessa, não se pensa em vender, pois eu nao espero que a cotação oscile, quero so os dividendos (Rendimentos). E ninguem que a compra, pelo menos os normais, a compram pensando em valorização. Resultado: a cotação dela está a mesma de quando o ibov marcava 60k.
Especulação - Vou botar um exemplo para chocar mesmo. Petrobras. Comprar ações da petrobras é especulação pesada. Mesmo com uma queda de 50%, seus dividendos não chegam a 3% ao ano. O que faria uma pessoa sã comprar uma empresa que te paga 3% ao ano, se a selic está em mais de 10 (e há alguns meses estava cotada a mais de 20x o lucro)??? ESPECULAÇÂO. Petrobras se compra porque se espera que a petrobras suba, se espera que ela aumente a producao, se espera que ela mantenha o crescimento que vem mantendo, se espera que ela desenvolva tecnologia que fure 6km de sal embaixo de 3km de agua. Muito se espera, não??? Só porque ela é a maior empresa do brasil, nao significa que seja um investimento que garanta retornos sólidos.
O que acontece em épocas de alta liquidez? Pessoas sedentas por risco, negligencias o que já existe, e vao atras do se espera. Quando o dinheiro seca, se pensa "porque eu estou nessa empresa que rende 3% ao ano em dividendos???".
Por isso que, em épocas de crise, empresas que nao pagam dividendos sao as que mais sofrem. Empresas que nao pagam dividendos são iguais à vida de Joseph Klimber, uma caixinha de surpresas. Especialmente que balanços contábeis são uma verdadeira alquimia, pode-se alegar o que quiser, à exemplo dos bancos americanos ultimamente. Dividendos são a única fonte segura de saber que uma emrpesa realmente vai bem.
Especular pode dar muito dinheiro, e dá. O que não dá dinheiro é especular sem saber que se está especulando. Esse geralmente é que paga o pato. Como diria alguem famoso: Se voce nao sabe em 5min quem é o perdedor numa mesa de poquer, este perdedor é você.
Quem está nessas empresas achando que está investindo, na verdade está torcendo que o humor mundial mude e as pessoas voltem a fazer investimentos de risco em países emergentes. Soa uma estratégia vencedora?
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
O fim - Parte 1
1) Nós nao precisamos do FMI, e vamos pagar nossas contas sozinhos (http://www.reuters.com/article/marketsNews/idUSL737621420081007)
2) Vamos pegar um emprestimo da russia, nao precisamos de ajuda externa
3) O emprestimo da russia nao exclui um acordo com o FMI (http://www.bloomberg.com/apps/news?pid=20601082&sid=aOY1oNKd4ILQ&refer=canada)
4) Representantes do FMI estao aqui, mas nao estamos negociando emprestimos.(http://economictimes.indiatimes.com/News/International_Business/IMF_says_has_staff_in_Iceland_but_no_demand_for_loan/articleshow/3592374.cms)
5) Ta bom, vamos pegar um emprestimo (http://enterpriseapps.itbusinessnet.com/articles/viewarticle.jsp?id=547930
O que curvou essa arrogância nordica??
O colapso anunciado por este escritor aconteceu. Segundo o dite da Bloomberg:
1) Há uma corrida aos supermercados
2) Esta comecando a faltar comida
3) Importações, só a vista
4) A moeda local, que entrou em colapso com outras moedas, nao é aceitada fora da islandia, enquanto alguns comerciantes tambem nao a estao aceitando mais.
Contando que a islandia fica no meio do gelo, ela precisa de moeda estrangeira pra comprar comida e energia, urgentemente. Estamos prestes a ver uma intervencao internacional sem precedentes na Europa
O Krona evaparou. Pegue todo dinheiro islandes que voce tem, e faça uma fogueira, ele nao vale mais nada. E se a comunidade internacional nao agir, teremos problemas tipicos de paises africanos, na islandia.
É isso que venda de divida desenfreada faz. Economia consumista. Hipertrofia do setor financeiro.
Seria esse o cenario dos EUA daqui a uns anos???
Hiperinflação, teu nome é G7
Da nacionalização dos bancos
Como todo bom carteador de ideias, ou cientista, já tenho uma opinião aprioristica, e estou apenas postando os dados empíricos convenientes para dar aquela ideia de que minha opinião não é uma opinião, mas sim uma conclusão tirada através de um método científico. (Não, isso não tem nada a ver diretamente com o tema do texto, mas escrevi esses parágrafos para os incautos que querem encontrar "verdade" ou "certeza" em ciência, qualquer que seja ela).
Vamos lá. Existem duas principais consequencias, na minha opinião, que tambem vao se tornar válidas para os bancos:
(parte um: A situação das agencias)
1- Equiparação entre obrigações da empresa e do governo : Sob a proteção do Tio Sam, novo segurador das GSE´s, um título da Fannie Mae agora é um Título do governo dos EUA. Isso quer dizer que, nas costas do Tio Sam, estas empresas tem livre acesso a qualquer capital que necessitem. Isso quer dizer tambem que qualquer inadimplência de um cidadão norteamericano gera o dever do governo de cobrir o rombo
2- Elas não são mais empresas, mas órgãos do governo : O setor de financiamento hipotecário dos EUA não depende mais de conjunturas econômicas, mas políticas. Isso quer dizer adeus à auto-regulação de acordo com o mercado. Taxas e juros de hipoteca, Assim como qualquer outra decisão da empresa agora está na mão dos políticos. Discursos como "devemos baixar os juros das hipotecas para assegurar o bem estar dos cidadãos" ou "não devemos executar hipotecas dos inadimplentes nestes tempos dificeis" virarão padrão para políticos com dois olhos nos votos e nenhum na economia.
Em reforço ao que apresentei, recentemente as duas anunciaram que vão comprar 40 bilhoes de dolares por mês de títulos podres. Não é preciso ser gênio que uma empresa como elas, que apresentaram fortes prejuízos (e inclusive quebraram), nao iriam comprar 40 bilhoes por mês de ativos que não prestam, se não estivessem na mao de políticos. Aliás, nem financiar novas hipotecas não financiaria. Essas duas respondem por quase todas as novas hipotecas, pois todas as outras empresas quebraram.O governo dos EUA, numa tentativa de forçar uma parada na queda nos preços das casas (uma tarefa tão quixotesca quanto criar uma lei para parar de chover), está, por debaixo dos panos, gastando dinheiro dos contribuintes. São 500 bilhoes de dolares por ano, só com esse plano.
(parte dois: consequencias para os bancos)
Claro que como o governo dos EUA é mais poderoso que os bancos, os bancos vao sentir mais essa "fusão" que o governo dos EUA. Os interesses dos EUA vao virar interesse dos bancos, e interesse dos bancos vao virar interesse dos EUA. Os bancos vão emprestar a juros baixos, e tentar continuar com um PIB onde 72% é consumo.
Se os juros das hipotecas baixaram, os juros de emprestimos bancarios tambem vao baixar. Agora, como está tudo assegurado pelo governo dos EUA, ninguem vai ter medo de (re)entrar no barco, e participar da festa, que já acabou, mas ainda conta com alguns bêbados que não fazem ideia de que horas são.
(parte três: Consequencias para o governo de se resolver uma crise na canetada)
O governo dos EUA, Somente este ano:
- Aprovou uma devolução de impostos na ordem de 168 bilhoes de dólares.
Aprovou um Pacote para ajudar os inadimplentes com sua hipoteca, na ordem de 300 bilhões de dólares- Comprou 89 bilões em ações da AIG e financiou a compra do Bear Sterns
- Aprovou um pacote de 700 bilhões para comprar o que quiser, de qualquer coisa, a qualquer preço que ache necessário.
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
Islândia e Estados Unidos
Como se nao bastasse, do outro lado do Atlantico, os Eua vao nacionalizar os bancos à seu modo. Seguindo os mesmos passos bem sucedidos do seu irmao gelado. Quem depois disso acredita em valorizacao de ações, qualquer uma??
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Islândia parte final - COMO FAZER UMA BOMBA DE DERIVATIVOS
A JP Morgan, ao inventar os Credit Default Swaps, tinham uma boa ideia em mente. Vender risco. Eu tenho um título. A JP Morgan lança uma série de derivativos desse título meu, chamado credit default swaps. A parte vendida é assegurada de qualquer default, e a parte comprada se compromete a pagar, em caso de um.
Islândia - Resumo da ópera
- O mercado de ações esta suspenso
- Há uma corrida aos bancos
- Nem os proprios islandeses estao aceitando sua moeda
- http://www.icesave.co.uk/ - Setor do banco nacionalizado, que cuidava de 4bi libras (algo entre 15-20bi de reais). "We are not currently processing any deposits or any withdrawal requests through our Icesave internet accounts. We apologise for any inconvenience this may cause our customers." Já imaginou ver isso na tela do site do seu banco?
- Falou que ia dar o calote mesmo nesses 4bi libras.
- Spreads dos CDS aproximando-se de 25% (dedicarei o proximo capitulo exclusivamente a este ponto)
Islândia - PArte dois (continua)
A euforia:
- 19/05/02 - Moody's reports -- Icelandic banks' strong fundamentals should help overcome ongoing challenges. Agências de risco dando crédito à Islândia, um cheque em branco
- 27/05/03 - Competition pushes Iceland's banks to form alliances.
- 01/05/03 - Western Europe: Iceland - Attitudes Thaw On Restructuring - Newly Privatised Banks May Now Seek To Consolidate And Ply Their Trade Overseas. Islândia privatiza o setor bancário. Este foi o marco. Até então, o país estava com crecimento modesto.
- 01/02/2005 - Landsbanki Agrees to Buy U.K.'s Teather & Greenwood Começa a agressividade, e dois anos após a privatização, os bancos saem para o mundo.
- 01/01/2007 The icemen cometh: how Iceland's investors are turning pipedreams into overseas reality - Essa reportagem começa falando sobre o espirito empreendedor da Islândia", depois fala que todo mundo se pergunta: "mas de onde esse país tira esse dinheiro todo?". Aquisições, e fusões, em um clima de euforia dos maiores. Alguma "pequena dívida de consumo", mas nada demais. A sensatez surge no Parágrafo final "A liquidez está muito boa, é ela que está nos proporcionando isso. Se isso mudar em 2007, veremos um realismo maior perante o investidor Islandês"
terça-feira, 7 de outubro de 2008
Como não brincar com dinheiro - parte 1
Primeiro se pega uma agência de risco, e se concede um AAA ao país. Depois disso, todos podem pegar dinheiro emprestado à vontade, para depois pagar a conta. E só depois, todos notarão que havia uma bolha surgindo. A Islândia se tornou um laboratório do que pode ser o futuro dos EUA, e por isso devemos prestar atenção ao que acontece lá. Passou por uma longa desvalorização da moeda, ao longo de alguns anos. Depois, com os bancos hipertrofiados, acusou o sistema financeiro de só visar o lucro, e começa o colapso. Vamos aos fatos:
1- O PIB engana a todos, como nos EUA. Grande parte dele é dinheiro que foi pego emprestado sendo gasto em consumo;
2- Mesmo com o PIB exagerado, os bancos locais tem 9 vezes o valor do PIB em assets;
3- A moeda local sofreu desvalorização de mais de 50%, só nesse ano;
4- Nacionalização de um banco, e asseguramento de todos os seus depósitos. Depositos estes na ordem de 6x o PIB do país;
5- Credit Default Swaps indo de 0,34%, em 2006, para 25%, ontem.
Temos então, uma situação interessantíssima, que merece alguns comentários, nos próximos capítulos.
terça-feira, 29 de julho de 2008
Peter Schiff, O Bear, E as GSE´s americanas.
Estava essa semana a assistir uma reportagem no youtube com o Peter Schiff. Não o conhecia, e ele estava sendo a voz Bear numa entrevista à FoxNews. A FoxNews, como agente republicano que é, enxotou as alegações de Peter, que falava que os preços das casas iam cair 50,60, ou até mesmo 80%.
O cara falava bem, e fui atrás de mais coisas dele. Achei uma entrevista, onde ele, na condição de presidente de sua empresa, direcionava as aplicações de seus clientes no sentido de apostar contra o dólar. Segundo Schiff, estaria havendo um boom irreal, guiado pelo consumo desenfreado e baixas taxas de juros, e que dentro de alguns anos haveria uma inflação galopante, guiada pela alta exarcebada de itens como comida e energia, que empurraria a economia dos EUA para o chão. (http://www.youtube.com/watch?v=6G3Qefbt0n4).
Acontece que tal entrevista, datava de 2002 (isso mesmo, á 6 anos atrás). Isso foi suficiente para escutar com carinho o que ele fala. Estou lendo seu livro, Cash Proof, e estou achando ótimo. Hoje vi uma entrevista, onde ele alertava para os riscos de um colapso no supprime mortgage securities, de 2006. O cara é bom mesmo, e desde entao procuro qualquer pronunciamento novo dele.
Lendo o livro dele, confesso que comecei a ficar REALMENTE assustado com o futuro da economia global. O deficit norte americano estava em 9 trilhoes de dólares, e aumentando. Quando o governo norte americano consegue avacalhar tudo de uma vez, estatizando a Fannie Mae e Freddie Mac. Ao fazer isso, ele assumiu o risco de 5 trilhoes de dolares em hipotecas, hipotecas estas lastreadas em casas que ainda vao cair, e muito, de preços. Não somente assumiu o risco de 5 trilhoes em ativos, como está a assumir o risco de mais de 70% das novas hipotecas. (costumava ser 40% há um ano, mas só ficaram elas duas para das conta do mercado).
Vamos agora, montar o cenário daqui a alguns anos: O governo norte americano é o segurador de trilões de dólares em hipotecas, em um mercado onde o valor das casas está caindo desesperadamente. Anos de juros artificialmente baixos levaram a uma inflação enorme. O que se faz quando a inflação sobe (primeira relação de causa e efeito aprendida quando se aprende sobre o mercado financeiro)? Aumentamos os juros. Mais de 50% das hipotecas dos EUA tem juro variável, ajustado de acordo com o mercado. Agora imaginem a situação, Você:
- hipotecou uma casa, contraindo uma divida de 500 mil dolares
- Você não possui nenhuma poupança (o indice de poupança dos americanos é negativo!!, indo de uma queda constante de aprox 12% no começo dos anos 70)
- destinou uma grande parte de sua renda para pagar a hipoteca, pois você achava que sua casa ia aumentar de preço
- sua casa, que valia 500, agora vale 300. (você tem uma divida de 500 mil para comprar uma casa de 300)
- Os juros, que estavam a 2%, vão a 10
- Subitamente para todo o aquecimento da economia que havia à época que você comprou a casa
Em seu site, Schiff, um Bear convicto, acreditava que os EUA estavam caminhando para uma recessão. Ele mudou de ideia, depois dessa ultima (espero que seja a ultima) genialidade do governo Bush tomou conta do espaço. Agora, segundo ele, a solução se tornou bem pior que a doença, jogamos gasolina no fogo.
Recessões são saudaveis para a manutenção da economia. O governo Bush adiou uma grande recessão abaixando os juros, e uma enorme recessão, estatizando as GSE's. Resta saber o que ele vai fazer agora. Do jeito que as coisas estão, o proximo passo será imprimir papel moeda à rodo.
quarta-feira, 2 de julho de 2008
segunda-feira, 30 de junho de 2008
Da coleção Ações que estão de graça - LIGT3
Veja-se os dados fundamentalistas:
Preço/Lucro: 4,31
Preço/(Valor Patrimonial):1,69
ROE: 39,2%
Yield: 15%
Tá bom ou quer mais?? A light é uma empresa que possui monopólio sobre a sua área de atuação, de um bem tão vital quanto a água. Temos então solidez e impossibilidade de competição. Somado à essa análise macroeconômica, vemos que ela se paga em 4 anos (está 4x mais barata que o ibovespa), está bastante protegida de uma queda brusca (pois uma queda grande tornaria seu valor de mercado quase equivalente ao seu valor patrimonial), gera um retorno de 40% anuais sobre seu valor patrimonial, e, de quebra, te dá 15% de dividendos anuais.
Mesmo se ela dobrasse de preço, seus indicadores ainda estariam melhores que o ibovespa. E ainda pode cair o mundo, que a ligt ainda vai vender energia. Uma barganha em qualquer época, e uma barganha ainda maior nesse tempo de incerteza. O ibovespa pode ir à 40k, que (muito provavelmente), seu valor não cairá muito abaixo do atual. É a ação que se compra e vai dormir o sonho de bebê,
Tá bom ou quer mais?
sábado, 28 de junho de 2008
Carteada sobre commodities
No lugar disso, resolvi fazer um tópico para cartear os motivos para a alta das commodities. Viajei um pouco, mas faz sentido. Primeiramente vou explicar como funciona o mercado de futuros. O comprador de óleo compra um contrato futuro, que dá direito a comprar no dia tal petróleo a tal preço (o equivalente às opções das ações). O vendedor opera vendido, e, assim, fazem hedge, em vez de ficar ao belprazer do mercado. Os especuladores entram para dar liquidez à estes contratos. Sem eles, não existiria esse tipo de transação financeira. Há um contrato para cada mês do ano, até uns 10 anos à frente. Comprando contratos futuros, então, eu compro commodities que ainda não existem.
Vou agora voltar um pouco no tempo, depois vocês vão entender porque. No começo, não havia moeda, havia mercadoria. Os metais preciosos funcionavam como moeda, mas eles não eram signos, era o valor em si. "É preciso que o valor da moeda seja regulado pela massa metálica que ela contem; isto é, que retorne ao que era outrora, quando os príncipes não tinham ainda imprimido sua efígie nem seu selo sobre fragmentos metálicos; naquela ocasião, "nem o cobre, nem o ouro, nem a prata eram monetizados, mas estimados somente segundo seu peso"; não se fazia valer signos arbitrários por marcas reais; a moeda era uma justa medida, porque nao significava nada mais que seu poder de aferir riquezas a partir de sua própria realidade material de riqueza." (Michael Foucault, As Palavras e as Coisas). De certa forma, esta forma de pensar, mesmo após a criação do dinheiro, continuou. No século XX, os EUA se comprometeram a manter paridade de sua moeda com o ouro. Isto significa que mesmo sendo papel moeda, o dolar tinha uma representação concreta, pois havia uma relação direta do seu valor com o valor do ouro.
Os EUA abandonaram esta paridade, porem, como unica potencia capitalista do mundo o dolar, de certa forma, virou uma riqueza, à moda dos metais na época do mercantilismo. De alguns anos para cá, o dólar vem sofrendo severa desvalorização, e, para completar, os títulos de vencimento de 2 anos estão rendendo menos que a inflação. Ou seja, quem tem dinheiro investido em bônus dos EUA, estão perdendo dinheiro 2x. Uma com a desvalorização perante outras moedas e outra com a própria inflação americana. Há então uma crise, pois quem "investe" em títulos do governo americano, está vendo seu dinheiro ir embora. Neste grupo, se incluem grandes fundos de pensões, que precisam de uma âncora (eles não podem, simplemente, jogar esse dinheiro no mercado de ações). Eles tambem nao estão podendo investir em títulos de hipoteca (ver tópico abaixo), pois há uma crise nesse setor . Qual a resposta que eles adotaram? Migrar para as commodities.
Há então, uma grande migração do dinheiro investindo em títulos do governo e hipotecários para contratos futuros de commodities. Desse jeito, os investidores fazem hedge contra a inflação. Contratos para daqui a 5, 10 anos, que mal eram usados, estão sendo comercializados a um volume cada vez maior. Comprando uma maçã a ser entregue em 2010, por exemplo, não importa a inflação que exista, uma maçã terá seu preço corrigido. Acontece que há um problema neste movimento. O mercado real de commodities é muito pequeno. Uma única grande empresa especuladora de petróleo é capaz de trocar no ano várias vezes a quantidade mundial de óleo produzida. Uma avalanche de dinheiro aumenta, e muito, seu valor (imaginem um mico que de repente vira a única proteção contra a inflação, e todo mundo passa a comprar ele). Esse movimento é auto alimentavel, pois quento mais se migra, mais se aumenta a inflação.
Conclusões:
1) A nova moeda mundial não é o dólar, é o petróleo.
2) Um aumento dos juros norte-americanos reduz a inflação de duas maneiras. A tradicional, e a outra trazendo de volta investidores, baixando as commodities.
3) Enquanto os juros continuarem baixos, o cenário vai continuar.
4) Não sei se os investimentos em commodities vieram para ficar. Se eles são temporários, ou seja, se os grandes investidores acharem mais tarde que o dólar está mais vantajoso, pode estourar uma bolha, das grandes.
5) O preço das commodities está intimamente ligado à saude economica norte-americana.
6) Paradoxalmente, voltamos aos primórdios do capitalismo. Os instrumentos complexos do sistema permitem que as riquezas voltem a ser medidas por seu valor em si, não em uma moeda.
sexta-feira, 27 de junho de 2008
Mercado hipotecario e construção civil (I)
A hipoteca é, portanto, um meio de emprestar dinheiro de alta confiabilidade, e um meio seguro de se adquirir uma casa própria. Claro que no começo da década de 90, no Brasil, não se podia pensar em dívidas a longo prazo, para o cidadão comum, frente à insegurança econômica e jurídica que reinava no país. Somente de alguns anos para cá, tem-se mostrado sinais de que se tornou uma economia sólida, confiável e previsível a ponto de ter um mercado hipotecário expressivo. Dentre outro, podemos citar os seguintes sinais :
- Contençao da inflação abaixo da casa de dois dígitos ( com excessão de alguns anos, o que não é motivo de pânico, pois até os EUA teve suas inflações acima de 10%) por um periodo longo (estamos no 14º ano do plano real).
- Emissão de títulos da dívida em moeda nacional, livrando o país de desconfortos resultantes de eventuais flutuaçoes cambiárias (toda a divida do brasil, hoje, é em reais, se não me engano).
- Governo democrático (ao menos formalmente), e um razoável Estado de Direito, sem tensões sociais que possam rachar o país. Embora haja corrupçao às claras, não há contestação da legitimidade dos lideres, por exemplo.
- Por ultimo, os graus de investimento obtidos nos ultimos meses.
Parafraseando o presidente, nunca antes na história deste país a economia se tornou tão previsível, o que criou o ambiente propício para a formação de um mercado hipotecário compatível com os países desenvolvido. Hoje em dia é uma boa ideia assumir uma divida de 30 anos para se conseguir a casa propria.
Voltando ao modelo dos países desenvolvidos. Lá, o mercado hipotecário é o principal propulsor de crédito, catalisando a economia e gerando lucros para os que dele participam. Vamos explicar sucintamente como funciona o modelo em tais lugares:
- Uma construtora faz um loteamento, com n casas, e as vende para os cidadãos, contraindo assim um direito de crédito, garantido pela hipoteca.
- A construtora VENDE estes direitos de crédito a uma financeira, que transforma estes créditos individuais em títulos de dívida (similares aos títulos do governo)
- A instituição financeira, entao, vende tais títulos, e todo mês, quando os cidadaos pagam sua hipoteca os possuidores dos títulos ganham seu dinheiro.
Vamos agora aos números: O mercado hipotecário norte americano tem crédito de aproximadamente 10 trilhões de dólares (com T mesmo, dados de 2006). Isso equivale a 65% do PIB. Na Holanda, é 111% do PIB. No nosso país é 1,7%. Estamos atrás mesmo dos países em desenvolvimento. A África do sul tem 20% , o México 9%, e assim por diante.
O mercado de títulos norte americano (juntando titulos hipotecarios e do governo) é maior do que o mercado de ações (segundo o livro novo do greenspan). Lá, O mercado hipotecário é tao poderoso quanto o de ações. Aqui, estamos apenas engatinhando.
Tudo isto está mudando de alguns anos para cá. Com a estabilidade adquirida, a construção civil está bombando. Tivemos 70 ipos de dois anos para cá de empresas relacionadas ao setor. Há quem fale em uma bolha estourando, mas ante o exposto, está apenas começando. Estamos começando uma revolução neste tipo de mercado. Após a explosão de ipos, é esperado agora uma série de fusões, que demonstram a consolidação do setor. Ainda não temos esse boom de empresas de securitização, mas acredito que em breve teremos. Some-se isso que este cenário se dá com juros altissimos. Eles não vao se sustentar nesse patamar por muito tempo.
As empresas de construção civil tem se apresentado com caracteristicas típicas de uma explosão de demanda, tais como: P/L alto, se comparado com o índice, que indica um convencimento do mercado que este setor é mais promissor que o resto e aumento galopante dos lucros, resultado apos resultado. Tal comportamento é o mesmo das ações da bmef e bovespa, embora os multiplos destas ultimas sejam bem maiores.
Feita esta breve explanação, de um setor que promete, os proximos tópicos tratarão de cada empresa individualmente, balanço financeiro, publico alvo, indicadores fundamentalistas, etc. Neste blog dificilmente serão comentados canais de alta, triângulos ou rompimentos de Bollinger.
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Vou expor tudo o que sei, ou pelo menos o que penso que sei, na esperança de receber conhecimento e criticas de volta. O blog esta aberto, e espero que vocês aproveitem-no.