segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

O Teatro dos Estados Socialistas da América

Estava procurando dados sobre esses planos do FED e do tesouro, saber quanto dinheiro foi gasto e tal. Para minha surpresa, não achei os dados que eu queria, e vi que não há muitas pessoas querendo saber como um trilhao de dolares está sendo gasto. O relatorio do TARP é uma piada, e não traz nem os dados que os jornais trouxeram. Olhem o seu resumo (se tem como resumir isso) numa peça tragicômica encenada no improviso em rede mundial de televisão:

Diálogo em um teatro dos Estados Socialistas da América:

(Televisão filmando, o mundo caindo, e O secretário de Tesouro dos EUA convoca uma entrevista para dizer o que ele fará da economia.)

(entram os atores)

Banqueiro: "Mê dê agora um trilhao de dolares, Senão o mundo acaba"

Paulson: "Tome"

TaxPayer: "Heyyyy, aonde está indo meu dinheiro"

Ben Bernanke: "Sinto informá-lo, mas é confidencial. Se eu falar o mundo acaba"

Industria automobilistica:"Preciso de dinheiro agora. Senão o mundo acaba"

Paulson: "Tome alguns bilhões adiantados, daqui a uns meses você me dá um relatório dizendo se tinha realmente condições de continuar. Ah, aproveita e manda suas financiadoras falarem com a gente. Vamos transforma-las em bancos, é só dizer que estamos em "situações extraordinárias". Tem muita coisa rolando pros bancos ai viu (piscadela)!! Faremos uma promoção e emprestaremos (daremos) dinheiro pra esses novos bancos, assim eles emprestarão a juro 0 e o taxpayer arcará com os ônus"

TaxPayer: "Cade meu dinheiro PORRA!!!"

Paulson: "Pqp, que cara chato. Já falei que não posso dizer senão o mundo acaba. Vou te dar uma colher de chá. Toma esse relatório ai:"

Taxpayer entao abre um relatorio bastante completo. (http://www.cbo.gov/ftpdocs/99xx/doc9961/01-16-TARP.pdf)

O documento possui 12 páginas. Destas, 4 estão em branco, uma contem o endereço do congresso, uma a capa, e outra o índice, restando, assim, 5 singelas páginas de "conteúdo". O grosso do programa, consiste em comprar ações de empresas decididas pelo secretário do tesouro, que não tem que justificar suas decisões. Na prática são empréstimos de 5% nos primeiros 5 anos, que viram 9% nos anos seguintes. Bom, ele pondera que, considerando que são companhias que foram salvas de um "colapso" (e as aspas estão aí porque na época parecia um colapso. Hoje aquela situação seria um mar de flores), deve haver garantias muito rígidas quanto ao pagamento desde dinheiro, não? Depois imagina que isso deve ser melhor esclarecido no final do relatório.

Quando ele começava a achar que algo estava errado, vê a seguinte tabela:



(178 bilhoes de dolares em 214 instituições diversas, 40 pra AIG, 20 para o Citigroup, 5 para a GMAC (ex financiadora de carros e agora banco), e 4 para a industria automobilistica)PONTO).

Ao lado, o "percentual de subsídio", obra de um burocrata que merece palmas por cunhar um termo tão bonito para "dinheiro total perdido". Até agora 25%, em uns poucos meses.

TaxPayer: "AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA"

(As luzes se apagam. Taxpayer sai chorando, mais figuras sinistras se juntam aos banqueiros, cada um querendo sua parte de um dinheiro tão transparente. Quando tudo está caótico, começa a tocar a nona sinfonia de beethoven, 3 movimento. Os murmurinhos param, as luzes ficam mais claras, cantos de pássaros são ouvidos. Paulson sai do palco e entra uma figura negra, imponente, olha para o Taxpayer chorando, pega sua mão e diz: "Yes, we can". Quando ele para com as lágrimas, o homem seca suas lagrimas com as mãos, o poe de pé e confiente, e sai andando. A música para, as passaros somem, as luzes voltam ao normal. E entao ele vai conversar com os banqueiros, que estão recomeçando o murmurinho.)


Fim do ato.
(como será a segunda parte?)



Esse é o relatório do TARP. Tem como ser mais elucidativo? Não só os keynesianos anglicanos estão dando uma aula nos populistas latinoamericanos, mas seus burocratas estão fazendo manobras que fazem Zé Dirceu parecer um trombadinha de sinal.

Introdução feita, olhem que interessante. Por um momento dá impressão que estamos vivenciando a maior fraude já feita: Enquanto a crise mundial solapa os bancos e países que tem uma grande parcela de sua economia dependente deste setor, algo muito gozado aconteceu com os países do conglomerado bancário do caribe.

No período de Maio até Novembro do ano passado, a quantidade de treasuries que esses países são donos subiram mais de 110%, indo de 104.5 para 220.8 bilhões (http://www.treas.gov/tic/mfh.txt). Esse conglomerado inclui "Bahamas, Bermuda, Cayman Islands, Netherlands Antilles and Panama". Fazendo uma rápida pesquisa no google, vê-se que esse incremento é maior que o pib desses países juntos, multiplicados duas vezes.

Obviamente pode haver uma ótima explicação para isso, por isso pergunto a você, caro leitor, e espero sua resposta. Preciso dela porque não vou acusar ninguem sem esgotar as possibilidades: "Na época em que se materializou a maior crise bancaria que as pessoas que estão vivas já presenciaram, o que de lícito pode ter acontecido em um conjunto de paises que só tem bancos, hoteis e bares à beira mar para, nos seis meses desencadeadores da crise, aumentar suas contas bancárias numa quantia igual à soma de tudo que eles produzem em dois anos??". Se me falarem em janeiro do ano passado que viveriamos o que estamos vivendo, eu teria dito que todos eles quebrariam. Whatever... QUEM GANHAR VAI GANHAR UM LOTE DOS R$ 200.000.000,00 DA NOVA SAFRA DE AÇÕES DA TELB4, EMITIDAS PARA (eleger a baranga do lula) REFORMAR A BANDA LARGA ESCOLAR DO BRASIL!!

Não sou jornalista de nenhum jornal importante, mas se fosse, iria atras desses trilhoes dados pelo governo dos EUA, porque tenho a impressão que uns trocados estão sendo desviados. Ops, a Bloomberg tentou fazer isso. Que disseram à ela mesmo?? Algo como "Não posso. Divulgar isso ia acabar o mundo".

4 comentários:

Samuel Ramos disse...

Estou pensando numa resposta, porém, quero apresentar nos moldes do 'balanço' (=lavanderia) do TARP.

6 páginas, sendo uma única palavra de conteúdo: fraude.
hehe

Sds!

Unknown disse...

Permitam-me um questionamento. É sobre sua preocupação, e do Samuel, com o contribuinte americano. Noves fora a fraude, este está sendo realmente prejudicado pela TARP e congêneres? Há alternativas? Aumentar impostos para cobrir o rombo do déficit público, buscando o superávit para defender a moeda? Se fizer isso, o mundo não acaba, mas o consumo, que já é crítico, vai ao nível da subsistência, podendo-se chutar algo como 40 milhões de desempregados adicionais. Deixar tudo como está e não dar dinheiro aos bancos? Eles vão transformar o caixa restante em ouro ou outro ativo real e deixarão quebrar, se já não estão quebrados. Seria até bom, não há poupança interna mesmo, e se aproveitava para anular as dívidas para com eles. Mas e a confiança no sistema a partir daí? Vão estatizar todo o sistema, como está fazendo o Reino Unido?
Por isso, pergunto a vocês: qual à alternativa à roubalheira da TARP? O que acontece se deixar quebrar?

Samuel Ramos disse...

Aurélio,

Na minha opinião é muito simples: o governo garante os depósitos dos cidadão e os bancos que estiverem enrascados que se explodam.

Na hora do lucro a grana é deles, porque na hora do prejuízo a conta é do contribuinte?

O sistema irá sobreviver sem os bancos fracos, aliás, seria até melhor que os fracos fossem à lona de uma vez, ia acelerar o processo de correção.

Trainsppotting disse...

O banco mundial faz empréstimos e exige contra-partida sustentavel baseado em politicas sócio-ambiental.
Nós brasileiros, pacificos e passivos adquirimos titulos (somos o sexto) norte-americanos sem exigir contra partidas.
Nos demos contas que não fomos ao iraque mas financiamos a matança?
O banco central brasileiro continuará autonomo e sem exigir contra-partida sustentáveis e baseada na não intervenção em nações soberanas?

Será necessário se concretizar o fato de que seremos a bola da vez do terrorismo?

Nos demos conta de que já entramos no time do Hitler?

Não estou falando de um presidente, mas de nós individualmente!